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Estudo de caso nº 1

Respeitar outras formas de ser respeitoso

Itália

CESIE

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Palavras-chave

Diferenças culturais, diálogo intercultural, analisando culturas, Abordagem envolvendo toda a escola, Língua, Escuta ativa

Introdução

O evento ocorreu numa escola profissional de turismo, em Palermo, onde, na sequência do aumento de estudantes Nacionais de Países Terceiros, foram introduzidas novas medidas inclusivas.

Karima tem 16 anos de idade e chegou a Itália há um ano devido à má situação económica da sua família. O seu pai tinha alguns amigos em Palermo, que se mudaram poucos anos antes e conseguiram lá encontrar um emprego. Karima estava preocupada em começar uma "nova vida" mas já conhecia poucas palavras de italiano, uma vez que gosta de línguas estrangeiras e está a fazer o seu melhor para se sentir parte do seu novo país.

Como professor/a (agente educativo/a), está a envidar todos os seus esforços para favorecer a sua inclusão na sala de aula. Os resultados têm sido percebidos como sendo bastante bons até agora. No entanto, alguns mal-entendidos podem emergir deste caminho de crescimento pessoal e de adaptação recíproca.

Tipo de escola envolvida

Escola Profissional de turismo, ensino secundário

Descrição detalhada da situação

É professor/a de história e começou agora a trabalhar numa nova escola. Uma das suas alunas, Karima, é de Marrocos, mas não sabe muito mais sobre ela. Ela é boa aluna na escola e o seu italiano está gradualmente a melhorar. Ela gosta de passar tempo com os seus colegas de turma, embora ela nunca olha para os seus olhos quando fala com ela. Não presta demasiada atenção; ela deve ser tímida.

Após um mês, a situação não se alterou. É muito amigável com os seus alunos, mas a atitude de Karima em relação a si não mudou. Começa a perguntar-se se inadvertidamente fez algo errado, se usou alguma palavra ofensiva ou se ela simplesmente não gosta de si. Deseja que o curso de teatro que a aluna segue fora da escola a ajude a tornar-se menos tímida.

Um dia, na reunião com os pais na escola, decide falar com os pais de Karima. Eles ainda não falam bem italiano, mas consegue trocar poucas palavras. Apenas lhes diz que está satisfeito/a com o progresso académico de Karima, mas ao mesmo tempo ela parece ter alguns problemas na sua abordagem às pessoas mais velhas. Os seus pais estão muito surpreendidos; pedem desculpa e prometem falar com a filha.

Nas semanas seguintes, Karima parece ter medo de si. Ela evita totalmente o contacto visual e passa menos tempo com os seus colegas de turma. Decide falar com uma aluna que parece ser a melhor amiga de Karima. Ela explica: “Karima aprecia-o/a realmente como professor/a. Esta é a razão pela qual ela evita olhar para os seus olhos. Uma vez ela disse-me que na sua cultura não se olha uma pessoa mais velha nos olhos como sinal de respeito.”

O que pode ter errado? Como reagiria?

Partilhe as suas ideias e sugestões no Fórum online!

Questões para autorreflexão:

  • Já experienciou alguma situação similar?

  • Como atuaria numa situação como esta?

  • Que competências necessita desenvolver?

  • Considera que a atividade proposta pode ajudá-lo/a a abordar eventos semelhantes no futuro?

  • Tenta promover conversas sobre outras culturas? Como pode aumentar o interesse dos estudantes por outros contextos culturais?

  • Envolve geralmente os pais dos estudantes?

Atitude inicial

Inicialmente, o/a professor/a não presta muita atenção ao acontecimento e apenas interpreta a situação como uma consequência da timidez dos alunos. Mais tarde, não pede diretamente a Karima uma explicação. Ele fica confuso com a atitude do aluno e decide dirigir-se aos pais de Karima em vez de obter mais informações no contexto, junto dos colegas ou simplesmente através de questionamento.

O/a docente não aplica uma abordagem intercultural e apenas analisa a situação a partir da sua própria perspetiva cultural. Os pais de Karima estão zangados com ela porque compreenderam que ela tem sido desrespeitosa para com o seu professor. Eles não pedem esclarecimentos nem ao professor nem a Karima. Não consideraram que a sua “boa” maneira cultural possa ser mal interpretada e causar algum mal-estar na integração de Karima num novo contexto.

Sugestões de solução

  • Mostre interesse pelo background cultural dos seus alunos, tente descobrir mais sobre as suas experiências prévias.

  • Favoreça conversas e partilhas com os estudantes e entre eles: tente estimular a sua curiosidade sobre outras culturas; incentive pedido de esclarecimentos quando necessário; proporcione mais oportunidades de trabalho em equipa.

  • Escuta ativa: Preste atenção ao que os seus alunos estão a dizer verbalmente ou expressam não verbalmente. Não tenha vergonha de pedir que repitam: isto vai fazê-los sentir-se ouvidos e valorizados. Tente descobrir as paixões dos estudantes, a fim de conhecer os seus contactos fora das escolas e escolher os temas certos para os envolver na conversa.

  • Interação com os colegas: antes de tirar qualquer conclusão, troque as suas dúvidas e preocupações com os seus colegas. Eles podem partilhar as mesmas preocupações ou ter tido acesso a mais informações.

  • Envolvimento dos pais: se houver algo de errado com um aluno, é importante envolver os pais. No entanto, este envolvimento deve antes prevenir tais situações. Atividades extracurriculares podem ajudar a promover o diálogo e a melhorar o nível de inclusão de toda a família.

  • Atividades extracurriculares: como mencionado acima, estas atividades são importantes para se aproximar dos seus alunos, mas também para envolver outros atores, melhorar as ligações entre pares e estimular o interesse dos jovens por diferentes temas. Por sua vez, podem aumentar a vontade de participar mais na sociedade como cidadãos ativos.

  • O tópico 2 desta caixa de ferramentas, que se baseia na boa prática de contar histórias, pode oferecer atividades práticas para apoiar a interculturalidade na escola.

  • O tópico 4 desta caixa de ferramentas oferece atividades práticas para apoiar os professores na gestão da diversidade na sala de aula.

Porque é este estudo de caso importante?

Este estudo de caso visa sublinhar como mesmo as diferenças culturais mais simples podem criar algumas dificuldades na plena inclusão do estudante de Países Terceiros. Destaca também possíveis consequências inesperadas de reações inadequadas. O estudo de caso deve ajudar os leitores a pensar em situações semelhantes e sugere algumas respostas possíveis. Entre as soluções propostas, o desenvolvimento de uma abordagem global da escola parece ser um passo importante para assegurar a plena inclusão dos recém-chegados e facilitar a sua aprendizagem da nova língua.

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