Estudo de caso nº 3
Círculos de diálogo para prevenir potenciais conflitos
Bélgica
UNIVERSIDADE DE LEUVEN – LIMBURG (UCLL)
Palavras-Chave:
Estereótipos, racismo, preconceitos, mal-entendidos linguísticos, conflitos interculturais
Introdução
Fonte: Source: Edutopia (2020). Classroom Management. Dialogue Circles and Positive Classroom Culture. Retrieved on 26 June 2020 from Learn more: http://www.rethinkproject.eu/
The case study also took inspiration from Niofar – Associazione dei giovani Senegalesi. Learn more: http://www.associazioneniofar.org/
https://www.facebook.com/associazioneniofar/?ref=page_internal
Tipo de escola envolvida
Educação superior
Descrição detalhada da situação
A Academia Internacional de Educação é um programa apoiado pela UNESCO no Ensino Superior que tem lugar na UCLL (University Colleges Leuven Limburg) e que reúne estudantes de países de baixo e alto rendimento económico para discutir, debater e abordar questões que se colocam a um mundo global e à globalização.
A ideia é que os estudantes dos chamados países em desenvolvimento possam adquirir competências, que podem utilizar nos seus países de origem, mas também aos estudantes ocidentais é proporcionada a oportunidade de enfrentarem os seus próprios preconceitos através de um envolvimento real com colegas de países com rendimentos mais baixos.
No início de cada semestre, os estudantes geralmente 'agrupam-se', numa tentativa de cruzarem as suas zonas de conforto, estabelecerem contacto e entrar em diálogo com estudantes de diferentes origens.
Claramente, surgem frequentemente pequenos e grandes mal-entendidos e com eles o potencial de conflito. Como resultado, os grupos podem tornar-se mais 'inflexíveis' e divididos. Alguns estudantes mais dominantes podem 'assumir' o trabalho de grupo, ou mesmo envolver-se em comportamentos do tipo bullying. Outros estudantes mais passivos podem por vezes 'falhar' na sua participação. Se a situação não for abordada e discutida, então, pode escalar e abrir um conflito.
O método de “círculos de diálogo” é usado para a organização de “almoços dialógicos”, que podem ser combinados no início do ano e todos os meses até ao fim do semestre/período letivo. Esta abordagem pode ser utilizada com os jovens adultos, mas também com os jovens e adolescentes. Logo no início do ano, gostamos de mostrar o filme “LA Crash” (Colisão) – um filme emotivo, vencedor de prémios sobre preconceito – para concentrar a atenção em torno de preconceitos, mal-entendidos, atitudes e comportamentos humanos mistos e frequentemente conflituosos ligados a aceções culturais.
Após o primeiro 'almoço de diálogo', o próximo almoço de diálogo fica agendado para um mês mais tarde e assim continuamente – a menos que sejam necessárias sessões extra. O almoço de diálogo final do 1º semestre que acaba em 18 de dezembro, decretado pela ONU como Dia Internacional do Migrante, é ocasião para os estudantes preparam um almoço e comem juntamente com os oradores (geralmente um requerente de asilo ou refugiado).
Durante cada sessão regular, é estabelecida uma agenda e distribuída aos estudantes, mas há também espaço para discutir abertamente questões que surgem no trabalho de grupo de vários cursos do programa. As regras são que todos têm a oportunidade de falar e discutir como pensam que "as coisas" estão a correr e como resolver questões em aberto. Podem discutir os seus sentimentos, incidentes, mas também potenciais tarefas. A cada aluno é dada a palavra e não pode ser interrompido; os outros ouvem e têm tempo para refletir. É estabelecido um limite de tempo para que ninguém seja autorizado a monopolizar a conversa.
Por sua vez, os estudantes são autorizados a responder, enquanto o professor/técnico medeia potenciais mal-entendidos, desacordos dentro do grupo mas também entre os estudantes e o programa, incluindo outros membros do corpo docente. A intenção é encontrar uma solução para a questão/problema dentro do grupo.
O que acha desta estratégia?
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Algumas questões para autorreflexão:
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Já experienciou alguma situação similar?
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Como atuaria numa situação como esta?
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Que competências necessita desenvolver?
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Considera que a atividade proposta pode ajudá-lo/a a abordar eventos semelhantes no futuro?
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Qual das atividades propostas na Caixa de Ferramentas poderia ajudar a adaptar-se a situações semelhantes?
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Já segue uma metodologia específica para a prevenção de conflitos interculturais? É eficaz? O que precisa mudar?
Atitude inicial
Como sabemos, numa sala de aula diversificada e multicultural, muitos conflitos são proto ou arquetípicos. Descobrimos que é melhor prevenir situações, criando uma abertura para o diálogo do que esperar que os conflitos declarados comecem. Os conflitos são difíceis de resolver e podem azedar a atmosfera do grupo e levar a uma escalada do(s) conflito(s).
Em muitos casos, quando os estudantes são capazes de explicar a sua perspetiva, os outros estudantes são mais capazes de compreender como a situação pode ter evoluído. Nesses casos, a empatia entre pares é elevada e podem ser encontradas soluções como grupo/classe. É também um momento importante para os estudantes com estilos mais dominantes aprenderem como permitir a participação de outros.
Sugestões de solução
‘Círculos de Diálogo” ritualizados e adaptados às idades e contextos. Encontros regulares (e.g. semanal, mensalmente) como medida preventiva e em função do nível de "tensão" e de questões não resolvidas.
O tópico 4 desta caixa de ferramentas pode ser utilizado como ponto de partida para enfrentar situações semelhantes.
Porque é este caso relevante?
Um dos principais objetivos do projeto TEACHmi é promover a inclusão social de estudantes de origem migrante (não-nativos, mas também refugiados e recém-chegados ou deslocados). Muitas vezes os conflitos na sala de aula surgem de mal-entendidos culturais e linguísticos, mas também de diferentes graus de preconceitos inconscientes (por parte dos estudantes, mas também dos professores), que quando não verificados levam a um preconceito de confirmação erróneo, mas também a conflitos abertos e rutura da ordem social.
Em muitos contextos sociais - como nos contextos de saúde - é melhor prevenir do que remediar!