Estudo de caso nº 5
O Rapaz cigano
Bulgária
College of pedagogy- Pleven, Veliko Tarnovo University
Palavras-chave
Etnicidade, educação, institucionalização, estereótipos, preconceitos, exclusão social
Tipo de escola envolvida
Educação escolar (Ensino Básico)
Descrição detalhada da situação
Mitko tem 18 anos de idade e é de origem cigana. Os seus pais são analfabetos e encontram-se desempregados. A família vive em condições de vida muito pobres e não cuida dos seus 6 filhos. Nenhum deles está incluído no sistema educativo. Aos 6 anos de idade, Mitko foi retirado da família e colocado numa instituição especializada a fim de proporcionar um ambiente adequado para o seu desenvolvimento e educação. A avaliação inicial da equipa de especialistas encontrou um atraso visível no seu desenvolvimento cognitivo e mental, que atribuíram à influência da família e origem de Mitko.
Do primeiro ao terceiro ano, Mitko frequentou a escola de ensino regular, mas tem sérias dificuldades de aprendizagem. Ele não fala bem a língua búlgara; não domina o currículo essencial - tem dificuldade em escrever e ler. Há também um atraso no desenvolvimento social. Os professores são guiados pelo preconceito de que não pode haver progressos sérios com ele, devido ao facto de ser de origem cigana.
Quando Mitko está no final do terceiro ano, é examinado por uma equipa médica, que diagnostica um "ligeiro grau de atraso mental" (QI de 50-55 a 70-75). Isto dá motivos aos especialistas que o cuidam na instituição para o transferirem para uma escola de apoio especial. Este tipo de escolas oferece programas específicos para proporcionar condições às crianças com deficiências intelectuais e outras perturbações de desenvolvimento e défices para adquirirem conhecimentos e competências básicas necessárias para uma vida relativamente independente como adultos.
Do quarto ao sétimo ano, Mitko frequentou uma escola de educação especial. Os especialistas da escola, bem como os da instituição, tomaram conta do rapaz, mas sem encetar esforços adicionais para desenvolver o seu potencial. No período em que Mitko está entre o 5º e o 7º ano de escolaridade, durante três anos consecutivos, integrou um projeto de apoio educativo às crianças da instituição, em atividades conjuntas entre a equipa de apoio à instituição, uma organização não governamental e grupo de jovens voluntários.
Diferentes formas de aprendizagem e atividades extracurriculares são conduzidas com as crianças a fim de superarem as dificuldades de aprendizagem. Por insistência e com a ajuda da ONG, a equipa da instituição especializada toma medidas para devolver o estudante a uma escola de educação regular, depois de passar os procedimentos necessários para equiparar o seu grau académico.
Mitko está atualmente a concluir os seus estudos secundários numa escola de ensino regular. Desde o início, ele foi muito bem recebido pela comunidade escolar. Os professores estão familiarizados com a sua história e demonstram compreensão e apoio. Os estudantes aceitam-no como um igual. Ele continua a ser apoiado por ONGs e jovens voluntários, que o apoiam com formas adicionais de trabalho pedagógico para preencher os défices educacionais. Ao mesmo tempo, os professores motivam-no para investir no seu desenvolvimento.
O que estava errado na reação inicial? O que faria?
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Algumas questões para autorreflexão:
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O que diria às pessoas que têm preconceito em relação ao rapaz e influenciaram o seu desenvolvimento?
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Criticá-los-ia ou aconselhá-los-ia? Como?
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Quais seriam as formas apropriadas de trabalhar com adultos para superar estereótipos e preconceitos étnicos?
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Quais das atividades propostas na caixa de ferramentas acha que poderiam ajudar a resolver situações semelhantes?
Atitude inicial
Devido aos estereótipos e preconceitos contra a comunidade cigana marginalizada, os técnicos da instituição e os professores da escola primária subestimaram o potencial do rapaz e não ajudaram integralmente a superar as dificuldades de aprendizagem na escola, causadas não pelos défices intelectuais mas pela privação social.
Sugestões de solução
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Formação de professores e agentes pedagógicos das instituições de acolhimento de crianças para a superação de estereótipos e preconceitos em relação às diferenças étnicas;
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Qualificação adicional para o trabalho com estudantes de minorias étnicas, a fim de apoiar mais eficazmente o processo de aprendizagem;
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Reforço de horas para a educação intercultural, a fim de aumentar a sensibilidade cultural e a competência intercultural dos estudantes;
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Trabalho individual com estudantes de grupos étnicos vulneráveis, dedicado a apoio psicossocial e pedagógico no processo da sua educação e desenvolvimento;
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Criação de condições para a inclusão de participantes externos (ONG, organizações voluntárias) em várias formas de apoio pedagógico e social de estudantes de grupos vulneráveis na escola e em instituições especializadas para crianças privadas de cuidados parentais.
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O tópico 4 desta caixa de ferramentas oferece algumas ideias e atividades práticas para ajudar os professores a gerir a diversidade.
Porque é relevante este estudo de caso?
Mostra como os direitos humanos básicos, tais como o direito à educação e ao desenvolvimento pessoal, podem ser retirados ou restringidos devido a preconceitos e estereótipos relativamente a pessoas de minorias étnicas e de grupos vulneráveis. Por outro lado, é indicativo que quando as pessoas superam estes preconceitos e têm a sensibilidade cultural adequada (representantes de ONG, alguns professores, estudantes e colegas de Mitko), demonstram compreensão e empatia e são capazes de proporcionar um ambiente de apoio e inclusão para a integração educacional e social de crianças de diferentes origens étnicas.
É necessário realizar atividades orientadas para estudantes e profissionais que trabalham num ambiente multicultural, para superar preconceitos e formar atitudes positivas num contexto cultural.