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Estudo de caso nº 11

Inclusão com afeto

Portugal

Universidade de Coimbra

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Palavras-chave

Culturas, diferenças, linguagem não-verbal, discurso motivational

Introdução

O estudo de caso baseia-se num testemunho de uma professora sobre o acolhimento de crianças refugiadas, publicado em Almeida, A.C. & Santos, E. (orgs.) (2019). Brincar: dos conceitos às práticas (pp. 61-68). Coimbra, IPCDHSUC. 

Retirado de: https://www.uc.pt/fpce/IPCDHS/Actividades/Livro_Brincar.pdf

Tipo de escola envolvida

Escola do 1º ciclo do ensino básico

Descrição detalhada da situação

O estudo de caso baseia-se no testemunho de uma professora sobre o acolhimento de crianças refugiadas numa escola básica de Castelo Branco, Portugal, que tem demonstrado uma grande recetividade no seu acolhimento. 

Castelo Branco está localizada no interior de Portugal continental; é uma cidade com boa qualidade de vida, com muitas ofertas sociais, educacionais e de formação, acolhedora e, por tudo isto, atrativa.

A professora trabalhou numa turma de oito alunos de duas famílias sírias, com idades diferentes, com o grande objetivo de desenvolver a aprendizagem de português como língua de acolhimento.

A primeira família - JSM - passou três anos num campo de refugiados na Turquia. Esta família é composta por 9 membros: pai, mãe e 7 filhos, tendo "deixado para trás a sua cidade, Aleppo, o seu país, a sua família, e a plenitude da sua cultura". Os dois filhos mais novos (3 e 4 anos) entraram num jardim-de-infância e os outros cinco irmãos juntaram-se ao 1º ciclo escolar (13, 11, 10, 8, 6 anos de idade).

A segunda família - AA - inclui cinco crianças: três delas (11, 13, 16 anos de idade) foram integradas na mesma escola e turma das crianças pertencentes à família JSM. Esta família tem dois outros filhos, um deles (20 anos) foi integrado num curso profissional numa escola secundária, enquanto o outro (22 anos), com paralisia cerebral, foi aceite numa instituição com apoio específico.

Esta escola tem cerca de 40 alunos, a maioria dos alunos são crianças de etnia cigana.

Ocorreram vários incidentes dentro da sala de aula e na escola, muitos dos quais decorrentes de questões relacionadas com a adaptação, ou tentativas de ajustamento, tal foi o caso dos hábitos alimentares. Como foi relatado pela professora "Apesar de terem sido encomendados pratos que respeitavam os seus hábitos culturais e religiosos, a falta de confiança na nossa palavra levou as crianças a rejeitar o almoço. Havia muitos almoços entre lágrimas e enorme desconforto. Passaram muitos dias apenas com os lanches da manhã e da tarde, ou a fruta fornecida ao almoço".

O que faria numa situação semelhante?

Partilhe as suas ideias e sugestões no Fórum online!

Algumas questões para autorreflexão:

  • Como podemos promover o diálogo intercultural utilizando a componente lúdico-pedagógica?

  • Como podemos promover o envolvimento de toda a comunidade educativa num trabalho que precisa de ser colaborativo?

  • Como é que estes alunos podem ser apoiados ao nível da verdadeira inclusão?

Atitude inicial

Este agrupamento de escolas desta cidade mostrou grande recetividade em acolher estes estudantes.

 

A professora foi responsável por uma turma composta por oito crianças refugiadas com o objetivo de melhorar os seus conhecimentos em português como língua de acolhimento. Inicialmente, este grupo mostrou grande interesse nestas aprendizagens. No entanto, as reações comportamentais de ciúmes, de apelos à atenção, de saudades, levaram frequentemente a comportamentos de agitação, revolta e depressão.

A professora não sabia árabe e os alunos não sabiam português. Assim, o obstáculo inicial era a língua, que podia ser ultrapassada através da linguagem não-verbal e de algumas ferramentas online. Como a professora mencionou, "A certa altura, senti que podíamos até comunicar com os nossos olhos, percebendo o essencial através do brilho, profundidade e desvio do olhar".

Houve muitos incidentes críticos relacionados com a adaptação à dieta alimentar. Houve conflitos, momentos de pressão que foram tratados usando um tom calmo e exemplos de solidariedade. Também o envolvimento das famílias em algumas atividades escolares facilitou a melhoria do bem-estar das crianças na escola.

Sugestões de solução

A migração ou mobilidade pode não ser uma experiência amigável ou fácil. Quando não depende de uma escolha livre, não é uma opção deliberada, é uma fuga. Neste sentido, a integração / inclusão nas culturas anfitriãs pode ser um processo doloroso, demorado e mesmo impossível.

As medidas devem ser concertadas com intervenções locais e individualizadas. Existem, naturalmente, necessidades gerais, mas também necessidades específicas, e de vários tipos, que devem ser consideradas com cautela.

  • Diálogo aberto com as crianças para desenvolver a sua autoestima e autorregulação

  • Promoção das competências socioemocionais dos estudantes

  • Mostrar abertura e interesse em compreender os pontos de vista das crianças estrangeiras

  • Ferramentas úteis podem ser encontradas nos Tópicos 1,2,3 e 5 desta caixa de ferramentas.

Porque é que este caso é relevante?

Um dos principais objetivos do projeto TEACHmi é promover a inclusão social entre os estudantes de origem migrante e minimizar os preconceitos no ambiente escolar e na sociedade local.

Assim, também a linguagem do amor e do afeto pode ser importante, sendo um meio de comunicação universal, uma ferramenta útil na integração/inclusão de indivíduos, quer os beneficiários sejam refugiados, migrantes ou com outras características.

Com afeto, com apoio sistemático, embora difícil, as barreiras estão a ser ultrapassadas.

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